Circular em cadeira de rodas em Oeiras (16)

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AVENIDA CARLOS SILVA
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A Avenida Carlos Silva é a maior de todas aquelas que analisámos. Percorremo-la primeiro pelo passeio Norte (de três troços) e depois pelo passeio Sul (de oito troços), em ambos os casos no sentido ascendente.
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Passeio Norte. Junto ao cruzamento com a Avenida Miguel Bombarda, existe um pedaço de passeio com largura suficiente para ser diariamente transformado num "parque de estacionamento selvagem":
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Quando se entra na Avenida Carlos da Silva propriamente dita, o passeio tem uma largura de cerca de 1,7 metros. Mas várias árvores ao longo deste quarteirão reduzem significativamente a sua área útil e impedem a circulação de cadeiras de rodas. Ao lado, lugares de estacionamento automóvel.
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O segundo troço do passeio - o mais longo, entre a Rua José Falcão e a Avenida dos Aliados –, também ladeado por lugares de estacionamento,
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[Há sempre espaço para os automóveis]
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tem uma largura que varia pouco, entre 1,7 metros e 1,9 metros. O cenário não é diferente do quarteirão anterior: o passeio está cheio de obstáculos, logo desde o início do quarteirão…
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…e a circulação em cadeira de rodas é impossível. Em alguns casos, a largura de passeio livre de obstáculos não chega a atingir 40 cm.
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O cenário não muda até ao fim do longo quarteirão. Às árvores que se interpõem no nosso caminho acrescem caixotes de lixo depositados no passeio e postes e sinais implantados quase no meio do passeio…
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…e em alguns locais arbustos particulares invadem o já diminuto espaço útil do passeio:
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Aqui, no final do quarteirão, a rua tem dois sentidos de trânsito, havendo bastante espaço para a circulação automóvel – a única coisa que verdadeiramente parece interessar.
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Na passagem para o terceiro e último troço de passeio, a altura do lancil do passeio no enfiamento da passadeira é uma barreira para as cadeiras de rodas. No outro lado (início do terceiro quarteirão), a infeliz disposição dos pilaretes de pedra colocados no passeio, em relação à passadeira, constitui mais uma barreira:
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O que nos aparece a seguir é um passeio com uma invulgar largura, que chega a atingir cerca de 15 metros.
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Dois estrangulamentos são visíveis nesta última imagem. O primeiro resulta de degraus colocados no passeio, sendo que o espaço de passeio sobrante só é suficiente para a passagem de uma cadeira de rodas se as dianteiras ou traseiras dos carros estacionados não invadirem o passeio (mas sabemos que, infelizmente, não é essa a regra).
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No caso contrário, os degraus são obstáculo suficiente para impedir a circulação da cadeira de rodas sem ajuda – o que não deixa de ser caricato num passeio largo.
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O segundo estreitamento, apesar de disparatado…
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…não obsta, em princípio, à progressão de uma cadeira de rodas.
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A seguir, o passeio continua largo ao longo de algumas dezenas de metros:
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Pequenos inibidores de pedra vão impedindo que este espaço pedonal seja invadido pelo estacionamento automóvel. Mas é de temer o pior: muitos dos pilaretes têm sido derrubados pelos automobilistas…
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…e parece ser apenas uma questão de tempo até que a invasão automóvel alastre pelo resto do passeio.
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Passado este invulgar regabofe de calçada, a largura do passeio diminuiu drasticamente para 1,9 metros…
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[Sendo que a entrada neste último subtroço de passeio está frequentemente barrada pelo estacionamento ilegal, bem à vista da PSP de Oeiras, umas dezenas de metros mais à frente:]
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…e várias árvores impedem a passagem de cadeiras de rodas.
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A rua continua, aqui, a ter dois sentidos de trânsito.
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Percorrer a Avenida Carlos Silva pelo passeio Sul implica atravessar oito quarteirões e a primeira barreira à mobilidade em cadeira de rodas constitui, precisamente, a passagem entre quarteirões: mais uma vez, a altura dos lancis dos passeios é, em regra, um obstáculo.
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No primeiro quarteirão, o passeio tem entre 1,2 metros e 1,8 metros, mas logo neste início de avenida…
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…começam os obstáculos que reduzem a sua largura útil a menos do que 1,2 metros (sinais, postes, papeleiras, árvores…), incluindo contentores de lixo e uma mota cuja obstrução do passeio é tão frequente que, na prática, já quase se tornaram obstáculos de carácter permanente:
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No segundo lanço de passeio (com uma largura de cerca de 1,9 metros), repete-se, logo no início, a presença de contentores de lixo, estes “estrategicamente” colocados no enfiamento de uma passadeira,  dificultando, pois, duplamente a mobilidade pedonal:
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Passados os "generosos" contentores que impedem a passagem de qualquer cadeira de rodas, duas árvores (a que se juntam algumas covas no passeio) completam o cenário de inacessibilidade.
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Avançamos para o terceiro quarteirão (com a sorte de não nos deslocarmos em cadeira de rodas) e pouco muda. A largura de passeio é agora de 1,8 metros, mas continua a ser ilusória, pela presença de sinais, postes e árvores a diminuir a largura útil. Três árvores são suficientes para impedir a circulação de cadeiras de rodas.
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No quarto quarteirão, o cenário não melhora: pelo contrário, piora. Várias árvores impedem a circulação de cadeiras de rodas…
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…e o passeio é bastante irregular, com buracos, pedras soltas e ainda uma grande depressão (ideal para fazer cair invisuais ou pessoas idosas):
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Avançamos para o quinto quarteirão. O passeio continua a ter a mesma largura virtual (1,8 metros) e as árvores continuam a obstruir a passagem – uma delas no enfiamento de uma passadeira.
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O sexto quarteirão, que tem uma largura de 1,8 / 1,9 metros, distingue-se dos restantes por não ter árvores. Postes e sinais deixam uma largura livre de passeio de cerca de 1,3 metros, suficiente, portanto, para a circulação de cadeiras de rodas, mas, mais uma vez, buracos no chão e pedras soltas dificultam-na.
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No sétimo quarteirão, o passeio mantém os 1,8 metros de largura. A calçada está num estado deplorável e multiplicam-se os obstáculos…
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…mas, mais uma vez, são sobretudo as árvores que impedem a circulação de cadeiras de rodas:
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No oitavo e último quarteirão, o passeio tem cerca de 1,7 metros de largura, mas isto sem contar com barreiras como postes, caixas de energia e, mais uma vez, várias árvores, que chegam a reduzir a largura útil de passeio a menos de 30 cm.
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A Avenida Carlos Silva fornece alguns exemplos de como é perfeitamente possível rebaixar impecavelmente o passeio ao nível da passadeira:
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Esta longa avenida tem nove passadeiras. Em nenhuma o lancil do passeio excede muito o máximo admissível. Mas só em três das nove passadeiras é que esse máximo não é excedido de ambos os lados do passeio. E nestas três estamos a incluir, por favor, uma passadeira relativamente à qual nunca chegámos a conseguir medir o lancil do passeio Sul (no passeio Norte, o lancil tem menos de 2 cm): em várias visitas ao local, estava sempre alagado.
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Conclusão: rua parcialmente acessível.
Seis das nove passadeiras chumbam.
Não é possível circular de uma ponta à outra da avenida em qualquer dos passeios.
Dos onze troços de passeio, só no sexto troço do passeio Sul é que uma cadeira de rodas poderia circular (com dificuldade, devido ao estado do pavimento).
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Mobilidade pedonal em geral: em muitos locais de qualquer dos dois passeios, pais com carrinhos de bebé têm de ir para o asfalto. Constantes obstáculos no passeio tornam-no um inferno para os invisuais. Muitas irregularidades na calçada, incluindo buracos e pedras soltas, são meio caminho andado para quedas, nomeadamente de idosos e de invisuais. Mesmo peões sem quaisquer problemas de mobilidade acabam por ter de circular na faixa de rodagem em vários locais. São numerosos os locais onde não é possível o simples cruzamento de peões ou a passagem de um peão com um guarda-chuva aberto.
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(continua)
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1 comentário:

Joao disse...

Acho que o estado deve criar um grupo de inspeção da mobilidade em Portugal.
Alterar a lei para obrigar as câmaras a resolver todos os problemas no prazo de 1 ano (já tiveram mais de uma década para resolver, por isso não é pouco tempo) e depois sofrem inspecções... se tiverem alguma coisa mal, é cortado todos os fundos monetários (incluindo salários de todos os funcionários) da câmara, até que a mesma resolva o problema a 100%... é apostar em como TODAS resolviam o problema e em bem menos de 1 ano! Isto é só uma questão de motivação e boa inspeção.
Catarina, para inspetora!